sábado, 18 de agosto de 2012

O rio corria tranquilo ao lado do lugar em que te amei. Rio de pedra, rio de cerro, rio de águas corredeiras. Misteriosa era a mata virgem que o cercava, mas mais misteriosos eram os teus seios. Um veio de terra concretada, e nos olhos apenas o sabor da madrugada. Cheiro de mato, cheiro de terra, o cheiro do desejo. Eu fico assim quando te vejo, desejoso e arbitrário, tirano dos meus próprios pensamentos. O rio corria tranquilo e indiferente no lugar em que te amei.

A maresia das águas embalou o nosso encontro. Sons de cascata e nada mais, nem mesmo o som dos grilos em coral. Uma noite de vento morno e de suaves primaveras, assim como o néctar das flores florescidas. Deitados sob um céu de estrelas mil, duas caíram sobre ti. Estrelas cadentes. Mas para mim me bastava o teu olhar. Com destino ao mar as águas caminhavam e cantavam, cantando uma canção aos cerros. Eu caminhava para ti. Eu era o guardião da mata virgem, o Currupira da vertigem, e meus pés não me afastavam do lugar. 

Tudo foi belo e torto, ambíguo e pueril. Um sol de abril a iluminar os nossos corpos. Tu eras a bela da noite, em teu rosto os ares de Nefertiti, mas os açoites de Afrodite. Me amou como poucas vezes eu fui amado um dia, e eu me deixei levar por tuas águas feito o rio que serpenteava os cerros, feito as águas que cantavam o lugar. Indiferente a tudo eu me entreguei a ti. Indiferente, tu a mim. E tudo foi belo e torto, ambíguo e pueril. Deitados sob um céu de estrelas mil, duas caíram sobre ti. Estrelas cadentes. Mas para mim bastou a noite pra te amar.

A maresia das águas embalou o nosso encontro.

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