sexta-feira, 28 de novembro de 2014

QUASARES

Eu sou a estrada do mundo. No fundo e no interior de mim há um sem fim de caminhos e destinos, uns improvisados e alguns pavimentados, outros ainda por trilhar. Eu sou o deserto do mundo. No final das fronteiras de areia vivem os meus sonhos, pirâmides construídas para resistirem ao tempo, ao vento, ao sol. No farol das estrelas eu me destino.

Os meus olhos desenham caminhos. Até onde eu vejo o horizonte eles se alinham e se divisam, afundados no oco do mundo. No fundo dos olhos eu tenho guardada a alma estradeira que me incendeia, a poeira dos caminhos, a roda do destino. O meu mundo roda sobre o eixo de um moinho.


Eu sou a estrada do mundo, imundo, sujo e maltrapilho. Um andarilho que gira em torno de seu próprio eixo, arrocinado pelo fogo da estrela, sob o sol, ao derredor do sol. No rol das ilusões que me guardam eu persisto, resisto, e sigo em frente.

Eu sou a vertente do mundo.


sábado, 22 de novembro de 2014

Poema De amor

Quantico é o meu pensamento. Essência de íons e prótons em desmantelamento, reconstrução em espiral de um orbital desvirtuado, colidido e atrevido. Impedido estive, desterrado em monte extremo, abnegado como àquele que esteve no deserto. O meu verso fervilha em meu  coração e eu não suporto mais a tirania da emoção, da chantagem barata, da casualística indeterminação do ser. Agora eu quero reflorecer.


Nada poderá me impedir. Não lute contra a minha natureza, alie-se se quiser sobreviver. Não tente conter meu pensamento, o impulso de meu descobrimento, nem as coisas naturais que me são puras. Não tente, pois esta é a minha identidade, a minha vertente verdadeira e já tardia: não tentes dominar minha rebeldia.



Este é o meu derradeiro aviso, o improviso de um verbo intransitivo, a imposição do abismo de onde brota toda a minha inquietação. Não mergulhes neste mundo querida, pois ali reside a minha ferida e nele nem você é convidada. Pois eu sou como o trem desgovernado posto no eixo sobre um trilho de gelo. Então não me faças derreter.

Porque quântico é o meu pensamento, essência de colisões e contratempos, itinerário vivo das minhas indagações. Eu estive Impedido em monte extremo, soterrado, posto em baixo de pesado fardo, mas agora estou aqui. Então olhes para mim: o meu verso fervilha no meu peito, eu refloreço pelo teu veneno, e tu és ainda a dona do meu coração.

Mas eu não suporto a tirania da emoção.