sábado, 25 de agosto de 2012

Para não dizer do amor

 Eu ando para frente. Acelero. Me desgoverno do destino e não tenho medo de fazer valer minhas vontades. Sou uma imensidade e fortaleza. Sou a ferramenta da minha construção. Sou a obra prima da minha criação. Eu escrevo sobre mim agora, mas para ti. Eu escrevo para ti para que entendas o que sobrou de mim, com o pouco que fiquei o com quem estou. Poucos foram os que ficaram comigo, mas tu ficou. Poucos foram os que não me condenaram, mas tu, antes de todos, me perdoou sem mesmo condenar. É um mistério te falar assim, mas assim caminha a humanidade.

Muitos quiseram te tomar de mim, e eu fui um deles. Muitos quiseram te afastar de mim, e eu fui o primeiro a te dizer: sai! Eu não sou um santo. Mas todos, inclusive eu, não viram os teus olhos de mulher. Bem me quer, mal me quer. Desfolhei um milhão de flores até compreender o invisível, o indivisível, e agora eu simplesmente te quero. E eu não sei o porquê, mas já não me interessa. Tua fresa é uma prensa que amassa o meu coração e extrai dele o que de bom sobrou, e eu te dou somente o que eu posso te ofertar: o sumo do meu ser. No amanhecer eu vejo as tuas asas sobre as costas, e nada mais é preciso para que eu te possa compreender. Tu és o que sempre foi, o que sempre serás. Nada no mundo será mais intenso do que o verde indefinível do teu olhar. E eu vou por eles navegar.

Amar é um verbo sem timão, e talvez por isso eu pouco o use. Mas nesta hora de extrema unção eu vou te dizer o que tu sempre quis ouvir: o amor está além do verbo, além do olhar. Ele está no horizonte dos espelhos, além do mar. Eu sou o que sempre fui e o que sempre serei. Tu és o que sempre foi e o que sempre serás. E nada no mundo será mais intenso do que o verde indivisível do teu olhar.

E eu vou por eles agora te amar. 

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