domingo, 5 de agosto de 2012

Eu escrevo agora com o meu coração amarrado. Amordaçado pelas palavras que tu me dissestes, e que ainda ecoam dentro de minha alma. Eu olho agora para dentro de mim, e tento separar o homem do poeta. É difícil compreender a dimensão do que eu estou sentindo, mas me é quase impossível não estar sofrendo. Eu sei que me foi dito para buscar outro caminho nestas horas, mas agora eu quero enfrentar este levante, superar a minha dor pelo desafio dos olhos. Meu coração permanece amordaçado, mas eu não irei falar do que nos aconteceu.

Eu falo para mim, sobre mim e para o meu próprio consumo. Já não me importo se vais ler o que eu digo, nem se vais entender o que eu escrevo, pois foi me dito que eu apenas escrevo bem. Porque o que ninguém vê é que para além das palavras eu sou um homem, falível como todos, limitado como muitos, passional e irracional às vezes. As palavras são punhais que ferem fundo, e eu sempre ouvi as tuas. Sempre. Até mesmo quando eu não as compreendi. É injusto dizer do contrário, usar de um colorário de palavras giratórias que voltam sempre ao mesmo lugar comum. Eu as compreendi, e foi te dito isso. As tuas razões e os teus motivos não são diferentes dos meus, mas os olhos vêem melhor o que é dos outros. Eu sempre soube disso, mas compreendo melhor agora. No entanto é chegada a hora de calar as vozes do meu coração. Ele está amarrado, amordaçado pelas palavras que tu me dissestes. E as palavras são punhais que ferem fundo, e calam, e cortam como o aço fino da lâmina inicial.

Eu escrevo agora com o meu coração amarrado. Amordaçado. Mas ele está quieto, silente e reflexivo. Eu vou calar a minha boca e exilar as minhas rimas, mas espero que você compreenda as razões do meu silêncio. Eu escrevo para mim, sobre mim e para o meu próprio consumo.  

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