sexta-feira, 26 de junho de 2015

A FORÇA DOS SENTIDOS

Está claro para mim o seu sentido, vestido de rendas numa flor de alecrim. Alecrim? Diria apenas que é a necessidade da rima, rimo do poeta, anestesia dos sentidos. Improviso os meus anseios, ressabios e silêncios, todos eles para o meu sustento, mas, agora, eu tremo em minhas próprias bases. Está claro para mim agora o seu sentido: um verbo de silêncios imperfeitos.

Estamos, eu e tu, na reta final de um grande prêmio, Grand- Prix no corrimão da vida, alimentando o tempo e o calculador das horas, cronômetro regressivo de uma arrebentação. A minha aclimatação começa agora, maturação constante de um tonel de vinho antigo, reservado do tempo. Inconstante tem sido o meu tempo, assim como os teus dias. Tu e eu estamos juntos.

Tenho receios, mas quem não os tem? Alguém além de ti ou de mim sabe o que sentimos? O poema talvez, mas além dele mais ninguém. Somos dois andantes que se fizeram três, rios confluentes que se uniram num estuário de estrelas vespertinas, madrugueiros de aurora, caminheiros. Nós somos a rima, a apoteose do poema.


Está claro para mim a força dos sentidos.