Eu vivo uma madrugada de poentes fugazes.
Tudo é escuro e nebuloso, e a luz é uma fina guia que já não me conduz. Estou perdido. Não sei para onde vou. Meus caminhos há muito que se despedaçaram, e o amor me abandonou. Eu sou uma ave que já foi de rapina, mas que agora agoniza em seu ninho, tombada, com a alma mortalmente ferida. Ressurgir das cínzas não me é possível. Eu não sou uma fênix.
O esplendor da dor me dilacera a alma. E estou tão só que o eco do universo pode me atingir e me matar. Mas eu não queria estar em outro lugar que não aqui.
Hoje eu serei o meu silêncio e a minha solidão. Hoje eu serei a encarnação da tua última lembrança.
Eu vivo uma madrugada de poentes fugazes.
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