segunda-feira, 21 de maio de 2012

Estive com Quintana nesta tarde. Tomamos um café na praça XV. Ele estava vestido com uma camisa branca, e uma áurea celeste lhe envolvia o corpo, lembrando os céus azuis de Porto Alegre. A mansidão do Guaíba pairava em sua face, e no seu rosto havia um sorriso misterioso e encantador. Eu não soube decifrar. E caminhamos juntos pela Rua da Praia, ele me mostrando cada detalhe da arquitetura da cidade antiga, escondida dos olhos desatentos da multidão enlouquecida. Um telhado, um balcão num solar envelhecido, uma janela ornamentada por mãos que já não existem mais. 

Na praça da Alfândega ele parou. Me perguntou se eu gostava de sua imagem sobre o bronze, e não esperou sequer a minha resposta. E eu o seguia, conduzido por um mar de poesia e encantamento, compreendendo por fim a minha própria alma. E em silêncio eu vi a mais bela das cidades, conduzido assim pelo mais belo dos poetas. E por onde passávamos a poesia florescia, como se andássemos sobre um livro em branco, em construção. Em frente ao Majestic ele parou. O seu olhar mirou o antigo hotel como se olha algo estimado, e então ele me disse sobre o amor: Só o amor perdoa a tudo. Só o amor perdoa o próprio amor. Mas esteja preparado ele me disse, pois o ato de amar é bem mais fácil que o perdão.

Um olhar de paz reveladora ele me deu. E pelas portas do seu antigo hotel ele adentrou, sorriu, e sumiu. E foi assim que eu conheci a Porto Alegre de Quintana.

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