quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Reino interior

Meu interior. Não existe cor ali, nem matiz. Existe a infeliz resposta do querer, do viver e do não saber. Três verbos que dizem tudo e não dizem nada, e que se esfacelam. As mazelas eu curo com macela, que alguns dizem marcela, mas que sempre é o mesmo chá: amargo, amarelo, aquarelado de azedume. Meu interior é um cardume de peixes todos da mesma espécie, sardinhas prensadas numa rede, rude singeleza de óleo e lata, um universo contido em uma circunstância.

Escrevo sobre mim porque preciso. Desculpe-me o improviso, mas eu não posso controlar. Estou como àquele que contempla o mar sem ser capaz de atravessá-lo, mas que mesmo assim se atira aos contrafortes. Com sorte eu chego à Africa ainda pela manhã, mas tubarões rondam a minha enseada. Eu sempre pensei que nada seria capaz de me deter, hoje eu penso que o querer nem sempre é o suficiente. Meu interior pressente o início e o fim, mas eu sou um universo contido em uma esfera.


O dia está nublado, sem sol, e eu me pergunto: onde foi parar a minha luz? Quem me conduz agora é o turbilhão do destino, e nele eu sou apenas mais um em desatino. Eu sempre brilhei por conta própria, mas agora eu procuro a luz no fim do túnel. Somente tu, que nesta hora me questiona, é quem me orienta. Meu interior não se contenta em ter-te apenas por metade, talvez por isto esta ansiedade, talvez por isso este vazio. Eu sou um universo contido em uma estrela.

Eu sigo para onde tu me apontas.

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