terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dos mistérios de um poema

Procuro uma alcunha para te dizer, mas não encontro. Procuro uma cascata para me banhar, e quase me afogo. No meio da água fria que cai dos cerros eu te vejo debaixo da floresta, de pés virados, correndo para me salvar. Penso: tu és uma Currupira, a deusa da mata e das florestas, ou a Iara das águas brasileiras. Eu sou salvo em teus braços, mas é a tua boca quem me traz à vida novamente. Eu me transformo em vertente e tu segues o teu caminho.

De onde viestes? O meu olhar procura por teu rastro e sequer encontro as tuas pegadas. Na mata eu me afundo no destino, enquanto a tarde ensolarada abafa os meus pensamentos. Eu sonho com o momento em que irei rever-te. Sou um tolo às vezes, mas quem não o é? Eu sou um homem sério, mas tu me fazes rir de mim mesmo e do meu jeito, e isso talvez seja o teu encanto. Encantado estou pelo teu canto, e se me espanto com o que me dizes é porque nunca sei o que dizer.

Não existem canais para um encontro, nem pouso ou embarcações. Nem aeroportos. Tu és o sol e eu sou a noite, tu és a lua e eu sou o eclípse, tu és um rio e eu sou uma cacimba. Nossa semente vai germinar onde encontrar terra ferída, e um dia seremos flor e fruto, amor e alegria. Eu te procuro pela mata vírgem, e em cada reboleira eu encontro uma vertígem. Somente quando encontro a minha paz eu te reencontro. E tu me recebes de braços sorridentes e abertos. Dos interiores de mim eu te percebo. Nos meus interiores tu me habitas.

Seja bem vinda ao mundo, minha musa. Obscura e bela, misteriosa poesia.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário