quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A fada dos bolos

Um bolo de cenoura, de laranja, um bolo de côco. Bolo inventado e transformado, com ares de abatumado. Bolo com açucar e sem açucar, queimado, azulado e bem passado, bolo com canela e bolinhos de chuva, fritos. A fada dos bolos não escolhe o seu cardápio. Farinha e ovos, fermento e está feito o seu trabalho. Não escolhe lados nem letreiros, constrói a sua imagem por sua simples natureza. Existe uma beleza ímpar nas suas mãos de confeiteira, mas no sorriso está um olhar maroto e sedutor.

Eu não gosto de bolos e nem dos seus recheios. Doces são azedos demais para o meu gosto. Eu os consumo na medida do prazer: nem mais, nem menos. Mas ela ama os seus confeitos, devora-os com a fome de um leão, e bebe o seu café regado por pedaços de torta de limão. A fada dos bolos é um mistério: tem um riso inconfundível, parece invisível e quando quer sabe ser notada. É uma estrada de ferro onde descansa um trem de passageiros. Muitos deles ela carrega em seus vagões.

Qual será o bolo de hoje? Cenários imprevisíveis são traçados quando ela bate a sua massa. Entre o ballet e a fumaça existe um fogo imenso que queima em seu olhar. Um fogo que se transforma num doce, num bolo escuro com cobertura de morango e chocolate. A fada dos bolos é uma mulher, mas poucos sabem. O luar esconde os seus segredos sorrateiros.

Eu quero um pedaço do seu coração.


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