sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Eu e a distância

A distância é uma esperança, uma estrada que dança na canção do vento, um firmamento que não se desenha no horizonte, mas que deixa o seu matiz. É algo que se faz pelos caminhos, onde a vida amarra os sonhos e os amores. A distância é algo que encerra os temores da jornada e que alimenta os homens que partem na busca do seu destino. É um desvario, um desaviso que não encontra o seu querer.

Foi na distância eu fiz o meu viver, no ir e vir dos descaminhos. Eu sou um barqueiro peregrino que, de um lado ao outro do rio, vê as águas do tempo em paralelo. Dos invernos do tempo aos janeiros dos anos eu fiz o meu viver, sempre a querer encontrar os atalhos da minha solidão. Eu e a distância somos íntimos no coração e misteriosos são os sentidos que nos uniram numa única dimensão. Eu e a distância somos únicos, e talvez por isso eu seja assim, introspectivo, distante do mundo e na alma um viajeiro.

Nós somos, eu e a distância, um único caminho passageiro. Somos fronteiros numa fronteira desconhecida, parceiros de alma e de silêncio. Somos estradeiros com o destino definido, improváveis companheiros que se uniram no horizonte dos caminhos. Somos cúmplices de um olhar perdido no infinito, onde o destino e os sonhos são escritos. A distância é uma esperança que dança na canção do vento, um desvario que não encontra o seu querer.

Por ela é que eu redesenho o meu viver.


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