terça-feira, 25 de setembro de 2012

A glória da mentira

Qual é a verdade da mentira? Uma promessa? Uma ilusão? Um amor de verão que não resiste ao outono? Eu te digo: é uma armadilha. Não há verdade na mentira, nem triunfos em sua faceta mais sutil ou obscura. Nada resiste a temperatura do tempo, nem mesmo ela. Muito menos ela. A mentira se esfacela na sua própria história, um pouco hoje, outro amanhã, sempre mais em cada dia. Sua teia é uma rede que a nós mesmo nos prende em agonia.

Existe glória na mentira? Sim, por um momento. A glória dos tolos e dos cegos, os que são tomados pelos seus enredos. Pouco a pouco os seus tormentos revelados viram vagalhões que retornam sobre a praia dos que mentem e levam tudo o que encontrar. Destroem sem pensar o que de mais valor nós somos. Arrancam da alma a fiel balança que sustenta a confiança e amassam o nosso melhor sabor. Ela não compensa o tempo em que triunfa.

Uma meia verdade é uma mentira. O seu fundo encobre o que de real ela apresenta. Se tirar a sua roupa em praça pública ela saltará aos olhos diante da verdade, e nada vai sanar o seu imbróglio natural. E tudo o que construir vai virar sal, não importa o que fizer depois. Então eu te digo: enfrente o medo e revele os teus segredos.

Não arrisque o destino pelo improviso das palavras, pois elas um dia sempre nos traem. Arrisque o necessário, mas não guarde em seu armário esqueletos velhos, que eles sairão de lá para lhe assombrar. Caminhar para frente em liberdade e em lealdade, eis como simplesmente deve ser. Olhar-se num espelho e não mais ver a máscara branca, velada pelas sombras de um passado nebuloso, como se fora um arlequim ou pierrot atormentados.  

Eu sou a prova: onde há verdade não existem mais pecados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário