quinta-feira, 26 de julho de 2012

Por onde esteves, amada minha, quando eu precisei de ti? Por onde andou o teu coração que se esqueceu do meu? Eu tenho dito tanta coisa sem dizer-te nada, que a sofreguidão da noite chega a me assustar nas madrugadas. Eu escuto o sussurrar dos rios por entre as pedras do cerro, e o orvalho que escorre dos meus dedos é de dor e de saudade. A mocidade há muito que me deixou, e eu fiquei apenas com a desesperança. Nela a minha alma é uma incauta prisioneira, e eu quero que tu saibas o que eu sinto. Mas eu só sei te falar pelo silêncio. Ouve: é a minha alma que chama por ti, que te reclama. Por onde esteves, amada minha, quando eu precisei de ti?

Eu hoje vou beber vinho do porto. Sim, porque os meus olhos já se embebedaram no teu corpo, e o meu coração guardou de ti apenas o teu olhar noturno. E eu sinto a tua falta. E estou sozinho nesta cama larga e fria sem os teus carinhos sobre mim. Pois eu prefiro uma meia verdade a uma mentira. Um beijo frio e seco a uma noite de vigília. Tu não compreendes, não é mesmo? Então escuta os meus silêncios, aprende a conhecê-los, que eles falam mais de mim do que as palavras. E eu tenho dito tantas coisas sem dizer-te nada que a sofreguidão da noite chega a me assustar nas madrugadas.

Por onde andas, amada minha, quando eu mais preciso de ti?





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