domingo, 15 de julho de 2012

Eu miro as estrelas. O meu olhar se afunda na noite, e o firmamento despenca sobre a coxilha. A campina que andejo é de uma relva verde e rala, e antigos Camboatás e Cambarás povoam de silhueta o meu caminho. Eu andejo. Sou um posteiro do tempo. Esquecido. Perdido. Um pedaço da legenda viva do Rio Grande. Um tapejara que conheçe os caminhos de ir e de vir. De andar e de trotear. Que se conhece apenas pelo olhar. Eu miro as estrelas, e nelas também vejo o meu destino. Porque o destino de um teatino é viver só. Longe de casa. Longe do povo. Longe do amor.

Eu divago sobre o pampa dos esquecidos. Como já é longo o tempo que se perdeu de mim, e os meus dias se arrastam para um combate de campo. O acalanto do vento é o meu parceiro. De companheiro tenho apenas o meu verso. Um verso triste, porque triste é também o meu canto. Porque o meu coração é cheio de milongas e de mágoas, de sonhos alquebrados e desfeitos. Eu miro as estrelas e me contento, e o meu olhar se afunda na noite. Uma noite pampa. Pampa e fria. Fria de amanhecer branca de geada. Comprida por ser redonda. Negra por ser funda. Uma noite de ronda rondada a cavalo a noite inteira. Uma noite de ronda de légua inteira.

Eu escrevo um poema de alma campesina...

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