sábado, 11 de agosto de 2012

Estou no campo. Meu pranto seca na milonga que o vento traz. Uma milonga de arame, formada num alambrado antigo, perdido em um fundo de campo esquecido dos homens. Gado e Cavalo, bicho de mato e de macega, todos eles escutam o seu bordão. Meu coração sorve um mate topetudo ao ver a paisagem do pampa, e de onde estou eu vejo a estampa nativa do primitivo Rio Grande. Estou Gaúcho, mais ainda do que quando nasci. Aqui onde me encontro eu comungo com o minuano, e ouço os seus lamentos; Escuto os grilos e os seus concertos, e a alma campesina da querência se revela para mim. Nada tem fim no horizonte diante dos meus olhos, e neles eu bebo da saudade e da distância. Minhas ânsias se dissipam na beleza da paisagem que me prende o olhar, e eu sou o mar sobre as coxilhas.



Eu sou o campo. Sou cada centímetro da terra que gerou meu sangue. Nada me prende agora, nada me impede de voar. E eu vou alçar vôo para a vida livre que o destino me levar. Serei algo de rio deslizando cerro abaixo, ganhando corpo, abraçando águas, beijando formas num caudal sempre maior. E a minha foz será tão grande que mal consigo imaginar. Minha alma está embedida pela alma da querência, e eu estou como nunca estive um dia: de alma livre! Sereno e madrugueiro! Embebido pela alma da existência! Minha consciência é franca e os meus sonhos desatinos. Eu sou o mar sobre as coxilhas.

Eu sigo a luz que tu impôs junto aos meus olhos.

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