quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Como eu te vejo

Te defino assim: feito um jardim. Nele há jasmins e narcizeiros, camélias e jacintos, roseiras, girassóis, tulipas e frésias, lírios e outras tantas flores que ninguém conheçe. Nem bem amanhece e tu já mostra a tua beleza, mesmo desregrada, desarrumada, mesmo com o olhar sonolento e embolorado. Pecado nos olhos e na língua, formigas cortadeiras carregando o fado de uma noite mal dormida, indormida nas aquarelas furta-cores da tua alma.

Foi assim que eu te ví: uma colméia de cores, um arco-íris multicor. Em minha íris eu fotografo a tua imagem, e recapitulo em pedaços o que tu exibe em preto e branco. Um mistério para mim em muitos campos, mas de misteriosos encantos. Um manto negro de alma em luz enegrecida pela fé e que não sabe o seu caminho, mas que precisa de carinho e orientação. Um barco sem timão levado ao sabor do vento no rumo da arrebentação. Foi bem assim que eu te ví.

Agora não. Hoje eu te vejo em tua real coloração, e entendo a dimensão de quem tu és. Atrás de ti há o teu viés, mas por vir há todo o tempo que nos resta. Nada interessa à estrada do destino que tramou o nosso encontro, apenas o que pensamos um do outro. Não interessa o que eu ví quando te olhei, apenas o que eu agora vejo: um jardim. Nele há camélias e jasmins, tulípas e narcizeiros. E uma flor que apenas eu em meu amor conheço.

Hoje eu te vejo com os olhos do coração.


    

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