domingo, 22 de janeiro de 2017

OS CAMINHOS DA INFÂNCIA

Mergulhar no tempo para encontrar a estrada, trilhar os caminhos do coração para encontrar a alma, buscar e purificar a aura nas águas da infância. Perder-se aqui é encontrar-se, navegar por lembranças antigas e esquecidas, assustar-se e rir quando se encontrar com uma. A vida é uma estrada longa que caminha em direção ao infinito e nós, nós somos simplesmente peregrinos ou caminheiros.

Mergulhar no tempo para quebrar o espelho, encontrar a criança que um dia fomos. Tão distante é o tempo dos dias que vivemos, tão diferente é o nosso mundo de hoje que, se pararmos e pensarmos, tudo parece ter sido uma ilusão. O que foi dito, o que não se disse, os ecos do passado, nada separa à fonte daquele que tem sede. Apenas uma ponte da memória permanece, mas é por ela que caminho em direção à este retrato.


Eu lembro-me de uma macieira antiga, macia e orvalhada em frente à casa; De um tonel de metal em que brincávamos, de um galpão grande e de centenas de sacos de arroz empilhados até o teto. Lembro de um parreiral e de sua sombra, e lembro do poço, do tabuleiro riscado no chão com um pedaço de taquara onde jogávamos sapata e amarelinha, e de uma boneca que batia palmas e que era o máximo da tecnologia que tivemos. Mas tudo em fragmentos, pois os caminhos da infância não se revelam perfeitos.

Eu me lembro de tão pouca coisa deste tempo, tão pouca, mas a simples existência de lembranças de que não lembro é que me trazem a certeza do quanto foram bons àqueles dias. Dias de infância. Dias de maturar a vida. Tempos de brincar e de ser feliz. Eu olho a fotografia demudada de minha casa e alguma coisa em mim se resplandece, e sinto que a qualquer momento tu vais sair comigo de mãos dadas, caixa de fósforos na mão, para incendiarmos algumas palheiras...

Os caminhos da infância não se perdem. Eles ficam gravados em nossas almas.

Feliz aniversário.

Feliz aniversário para a minha prima querida do coração.