segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

OS OLHOS DO TIGRE

Os olhos do Tigre são olhos de Lince, maturados, guardadores da espera. São olhos de cancela, espertos e escondidos, ligeiros. Eu descubro nos olhos do tigre a minha redoma, sanga funda e corredeira, amor sutil e iluminado. Considero o tigre um ser alado, mas desprovido de asas. Suas patas são o fiel da minha balança.

Os olhos do tigre são os olhos da alma, transpassados e  espessos, insurgentes. Cobertos de trevos e de esmeraldas, são olhos que estudam a jornada, o golpe fatal, o firmamento. No compasso do tempo os seus olhos me fitam, me marejam, me desejam. Eu compreendo a razão do ser e do existir, eu entendo a razão do seu olhar.

Os olhos do tigre não sabem amar. Para eles o amor é um instinto, assassínio da sobrevivência, transparência transcendental da natureza, simples efeito evolutivo. Eu não brinco com os olhos do tigre, não descanso à sua espreita, nem considero nada além da sua essência.  A finitude do tempo é a minha crença.

Os olhos do tigre são os olhos do destino.           



(Alex Brondani, em 18/12/2015)