sábado, 30 de abril de 2016

AS AGRURAS DO CORAÇÃO

O sol residual de abril se apresenta neste outono. Sem dono e sem descanso ele queima gás hélio ao transformará-lo em hidrogênio, em propulsonica usina termoatômico/nuclear. Mas o calor que chega a terra é reconfortante, confortável. E neste outono em que eu me encontro eu me sinto acolhido, tal qual a um filho que se reconforta junto ao pai.



Eu falo do sol como pretexto, pois estou a interpretar meu coração. O que ele diz, e eu bem sei, nem sempre é o que ele sente. Na vertente dos versos onde eu busco a poesia dos meus dias é ele o guia condutor dos meus caminhos. No arrebol de meus redemoinhos é ele quem determina o som. O improviso é o seu tom.

Mas o destino que me trouxe este outono trouxe com ele também a força da estação, e a razão dos ventos, o frio, hão de consumir este sol residual que me faz bem. Eu então contemplo as folhas mortas pelo chão e compreendo que devo encerrar e iniciar um novo ciclo. Só o coração compreende o que eu já não consigo conjugar.

Eu encerro este poema enquanto ainda existe a luz.


(Por Alex Brondani, 30/04/2016)