sexta-feira, 8 de junho de 2012

Onde foi que eu te perdi, amada minha? Onde foi que eu me perdi? Procuro por entre o que sobrou de mim, mas só encontro os meus retalhos. Tudo o que eu tive eu deletei. Tudo o que eu construi desmoronou. Tudo o que me fez viver até esses dias se desintegrou. Sobrou apenas uma mancha negra no lugar de minha alma. Eu já não consigo nem chorar e nem sorrir. Eu já não consigo nem mesmo me emocionar.

Amar tem dessas armadilhas. Não se pode amar a dois ao mesmo tempo tu me dizes. Mas eu posso. Não se pode viver em dimensões de amor e tempo, mas eu vivo. Não se pode querer tudo e não ter nada. E eu tive tudo tendo nada, mas nada tenho agora no meu peito. No lugar de um coração há um bloco de pedra enegrecido. No lugar de minha alma um manto negro. Na luz de meus olhos apenas a escuridão. Eu sou como aquele que olha o mar na beira de um penhasco. Eu não sei nadar. Eu não sei como voltar. A minha frente a vaga louca de um oceano agitado e em tempestade. Atrás as dores de um passado assustador. E eu não sei nadar. Mas se um dia os caminhos da vida me fizerem voltar talvez eu seja mais paciente. Talvez eu possa ver de perto o que de longe eu não consigo ver: a luz no final do túnel. O navio que navega na minha direção. No horizonte do poente eu vejo apenas a minha triste e bela ilusão.

Onde foi que eu te perdi? Procuro por entre o que sobrou de mim, e não te encontro. Eu só encontro os meus retalhos. E isso é tudo o que eu consegui salvar deste naufrágio.


                                                                                                      

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