quarta-feira, 20 de junho de 2012

O teu beijo tem o sabor do chocolate. É doce, amargo e ocre. O teu cheiro tem o aroma do chocolate. É suave, frutoso e condensado. O teu corpo tem manteiga de cacau onde te toco, e tudo em ti é uma grande barra de açucar hidrogenado. Não me pertence o teu passado. Nele tu semeou grandes porções de cacaueiros, e deles eu não quero colher frutos. Eu quero o doçe de agora, o mais seleto. O que me seduz como o cheiro de uma panela em fogão de lenha, onde tu derretes como o mais seleto Kopenhagen. Eu quero apenas o doce de agora, o mais maduro, o sumo do que de ti há de melhor.


Quando eu te toco tu derretes. Derretes dos pés ao ventre, do ventre à vertente. A foz do teu olhar é uma cachoeira de bombons entumescidos que desembocam na tua boca onde eu me afogo. Eu bebo chocolate quente da tua boca. Quente. Derretido. Torrado e moído por teus dentes. E mesmo quando eu me farto - e eu me farto - tu ainda me ofereçes mais um pouco. Eu não resisto. Porque o teu beijo tem o sabor do chocolate. Tem o gosto do cacau em porcelana. É doce, amargo e ocre.

Tu me pedistes chocolate, e eu te dei. Agora eu te dou minhas lavouras de cacau.

     

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