Sobrevivi ao dia D.
Desembarquei diante do fogo, exposto ao calor e à arrebentação. Na razão de
tudo o único propósito foi sobreviver, pisar a terra firme, conhecer a minha nova Normandia.
Por entre os mortos eu sobrevivi, por entre os feridos eu prossegui. Meu dia foi um
batismo de sangue e de agonia, mas nada foi realmente uma tragédia. Sobreviver
ao dia D foi a estratégia, e agora avanço em passos largos ao interior do continente.
Na vertente do meu ser existe um ponto cego. Estranho é o
meu espelho, reflete o caminho desconhecido. Mas piso firme e em rota agreste eu revisito o
meu objetivo. Eu já estive aqui, antes de hoje, em outro tempo e movimento. Me são familiares os
argumentos e não são estranhos os rochedos da paisagem. Depois do exílio agora eu descanso à
glória do meu triunfo.
Nada
está conquistado. Caminho em campos minados e
fragmentados, espalhados por eles o trampe e a suástica. Mas eu vou em
frente,
olhos no horizonte e com a força do coração. Dimensiono a razão do
continente e
vislumbro um futuro de boas esperanças. Eu bem sei das tragédias que
assolaram o meu passado e que ainda assombram os meus pés descalços.
Do
desembarque ao ponto de encontro foram três dias, inconstantes horas de
espera e de meditação. A emoção que tomou conta de mim agora quer
solidificar conhecimento, aprender a usar os instrumentos de
navegação. Vou para o centro, miro o coração do velho continente. Com um
contingente de pequenos homens eu quero libertar o meu destino, escrever
um novo livro.
O desembarque foi meu recomeço.
O desembarque foi meu recomeço.
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