domingo, 2 de março de 2014

O AMOR E A SUA DEFINIÇÃO

O meu amor está além da madrugada, é madrilenho, brilha num céu de estrelas fugidias. Todavia sou somente eu para contê-lo, e recebê-lo, e acalmá-lo, e navegá-lo em suas maresias. Heresia seria não aceitá-lo em mim, e assim por fim deixá-lo ir embebedar-se no cosmos infinito. Não, isso seria o oitavo pecado capital.

O meu amor é intencional, carnal, abstrato. Silencioso e recatado, afoito e despudorado, suado, salivado. É ausente de afagos e acesso de fogo, afoito e desafinado. Ele está além da madrugada, distante da lua dos poetas e dos romances destroçados da literatura. Ele é um cometa incandesceste jogado numa órbita qualquer.



Quem não irá querer um amor assim, tão atraente e sedutor? Tão envolvente, encantador? Temas a dor se não o tens, procure-o, cultive-o, saboreie o seu dissabor. Aprecie a vida enquanto o amor não chega, morra à sua espera se preciso, não se atire ao precipício de um falso amor. Poucos são aqueles que o encontram.

Olhe para o céu noturno e abra os olhos, pois o amor está além da madrugada. Ele é soturno, brilha num céu de estrelas fugidias, esconde-se nas mais improváveis avenidas. Eu vou agora atirar-me nos seus braços, aproveitar do tempo que me resta, desfrutar do que de bom ele me traz. Nunca se sabe: amar é abrir uma caixa de Pandora.




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