
A leveza do olhar me faz cigano, andarengo de caminhos, de destinos. Um trovão repentino e logo em sequência o relâmpago, um tranco, no âmago da alma eu me conforto. Talvez, sei lá, se a teoria estiver certa eu tenha vindo da água e, em essência, nós todos sejamos água e alma. Talvez a ciência explique a sensação de acolhimento, este embalar de sons oceânicos em meus ouvidos.
Chove. A tormenta torrencia a tarde que se perdeu do sol. Eu me debruço na janela e contemplo a tempestade. Se acendem as luzes da cidade, o tempo se fecha em cor de chumbo e cinzas e outras cores que eu não sei como explicar. Eu estou de volta ao mar da minha gestação: um quase poeta, um quase louco, um menino afoito que quer voltar à infância.
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