sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A Casa do Coração

Eu estou aqui, em meu coração. Nada mudou ali, embora tudo esteja diferente. É impossível conter uma represa quando um rio transborda pois o rio, o rio insulta a barragem. Na estiagem insólita do meu coração é que eu me encontro, ainda inerte. Eu espero. Na soalheira da vida a poesia segue em frente a iluminar a lua e os poetas, os caminhos de quem se foi e de quem vem.

Só tu me viu como eu realmente sou. Só tu me amou assim, em carne e sangue. O tempo não apaga as pegadas do vento, nem guarda as lembranças dos dias que ainda virão. O meu corpo é uma imensidão de sentimentos, profanos e insanos, misturados a minha pouca fé cristã. O amanhã é um mistério indefinido, e eu ainda estou aqui, em meu coração.

Não há razão. Um novo ano se inicia e tudo é um ciclo, uma estrela que corta a noite enluarada. Eu espero. A felicidade é um mero atalho, um fogo que de vez em quando nos aquece. Lá fora já amanhece, é quase dia, e eu estou enraizado. Nada mudou no meu coração, embora a vida agora seja diferente. Só tu sabes como eu realmente sou. Só tu me amou assim, em carne e sangue.

Tu estás aqui.

   

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