Verso crioulo tu brotas
Das entranhas da minha alma,
É rima que em mim revela
O perfil de um índio taura,
É xucro na minha voz
Embretada nas cidades,
Mas trazes cheiro de campo
Sem perder a identidade.
O tempo, senhor dos ventos,
Te castiga e te arrocina,
Tentando talvez, por certo,
Embretar a tua rebeldia,
Mas nem ele eu te garanto,
Meu parceiro de ideal,
Terá os tentos pra trançar
As loncas pra o teu final.
Este falso modernismo
Que alguns tentam te imprimir
É pouco pra que a tua chama
venha um dia se extinguir,
Virão outros, com certeza,
E os domarás como potros,
Pois tens a força dos rios
Nas cheias de fim agosto.
Recostado a um velho umbu
Num silêncio de oração,
Aceno a Deus uma preçe
Nesta xucra devoção,
Em meu nome peço a ele
Que a tua essência se conserve
E o Rio Grande te resguarde
Num galpão de puro cerne.
Peço também ao minuano,
velho ventito parceiro,
que te aponte sempre o rumo
Dos verdadeiros luzeiros,
E que enquanto um fogão campeiro
Nos pagos do sul arder,
Que os declamadores desta terra
Nunca venham te perder.
( "Verso Crioulo", de Alex Brondani)
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