sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dias de Chumbo

Chuva rolando nos campos desde três dias. Pranto de nuvens pesadas que descarregam o ocaso das velas, sombra sobre o mundo, no submundo do frio e da tristeza. Aspereza em tons de vinho e cor de chumbo, submundo do mundo. Estou assim, feito as águas de um poço fundo e misterioso.

Meus olhos de moço vazam a saudade e o que me invade é a sombra de uma imensa solidão. Enquanto a chuva cai dimensiono o meu destino, o sono, o sonho, o coração. A sofreguidão da tarde é um cenário de imperfeitas ilusões onde se acende uma fogueira de vaidades.

Estou cercado, ratos por todos os lados. Meu grito ninguém ouviu ou se importou. Afundo num poço de areia movediça a cada dia, e já não resisto aos meus impulsos. Estou arredio. Tardio é o meu pranto, acalanto de quem tem a alma atormentada pelo amor. A chuva cai por toda a tarde. A saudade é só mais um barco que se foi.

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