quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Renascimento

Martelo. Martelo prego em estopa. Martelo a vida, prego, estopa. Onde eu deixei a minha roupa? Estou nu diante de ti, com os pés descalços e de trabalho morto. O que vês? Tu não entendes o que eu te escrevo ou não quer ver? Não tape o sol com a peneira ou me condene diante do santo altar. Eu sou culpado, mas e tu? Já avaliou os teus pecados?

Martelo o prego da cruz, o crucifixo. Crucificado estou em pleno exílio, e minha alma pasta nos campos verdes do Senhor. O meu silêncio é a minha dor, mas rancor não existe no meu coração. Não, eu estou em meio à construção de um poema, iluminado estou pela poesia, pelo amor de uma mulher menina em propulsão. Mas estou crucificado.



Pecado? Eu estou curado do pecado. Pelo amor sublime eu fui tocado, e talvez por isso eu me encontre atordoado. Eu fui tocado pela lenda da paixão, não a de Cristo, mas pela mão de uma mulher em seu amor. Amor trigueiro, amor pleno de romances, de brisa e de ventos. Amor que não encontra nas palavras definição ou valimento. Pecado? Não. Estou curado. Pelo amor sublime eu fui tocado.

Crucificado eu estou, mas o que importa? Ressuscitado estou em meu espírito, abençoado pelo amor depositado. Martelo a vida, o prego, a estopa. Tu não vistes onde eu deixei a minha roupa? Eu estou nu diante de ti, mas o que vês? Um homem pelado? Um campanário? Libertado estou eu da tua avaliação. A minha alma é um cenário de transformação. Estou salvo. O amor me libertou. 

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