Amanhecido o dia eu me disperso. O pensamento manifesto e um caminho por trilhar, o mar, o sol, a longitude e a latitude. Giro como a terra sobre o meu próprio eixo, meio dia, meia noite, a face oculta da luz e a melodia da minguante. A vazante carrega os desalinhos e os improvisos conduzem o meu destino. Eu sempre fui este arcabouço.
Nos calabouços da alma eu me
acompanho. Medonho tem sido o meu sorriso na procura, e eu busco a única razão
da minha loucura. Mergulhado no inquietante universo das tormentações, romper a
arrebentação é a minha necessidade, superar o trauma da chegada ou da partida.
Tudo sempre em mim foi uma questão de vista.
Eu sigo em frente e a poesia me
acompanha. Somos dois errantes caminheiros, nem sempre juntos, por vezes
amantes. Itinerantes e perdidos, se nos achamos construímos o poema. A cena deste
dia se descreve em harmonia e eu caminho com alegria sobre os meus pés descalços.
Amanhecido o dia eu recomeço. O trabalho da abelha é a minha inspiração.