quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Mar das Ilusões

Estou num monte de sal. O mar é um horizonte sob os meus olhos, e eu recolho o ensinamento de sua imensidão. Na razão das coisas naturais eu me recolho, me encontro, me proponho a caminhar. Estou como a navegar num rio de sonhos, absorvido por caminhos perigosos e recôncavos. Eu me alimento de sal, de ar e água. Nada mais é como foi.

Como a Nau que peregrina em sete mares eu me lanço ao oceano azul. Minha alma é o sul e o meu coração a furta cor de uma paisagem descolorida. Na vida as coisas são pueris e sem idade, e uma meia verdade é o que te guardo. Espaço do meu tempo que se foi. Razão do que eu não pude ser. Espelho do que colherei na frente. O mar é uma serpente helicoidal que me sufoca, mas eu surfo mesmo assim em suas ondas.

Estou num monte de sal. A cal não é para mim uma saída, nem mesmo uma atormentação. A inércia de meu coração congela os pés que me guiam e levam, e eu mergulho no verde tantra do oceano azul. Lá, bem no fundo, estou gelado. Imerso no fogo do amor e em seu cadafalso. Estou preso ao retrato dos dias do passado, mas desancorado. Estou levado, malogrado pela corrente do destino.

Eu estou à deriva em pleno outono.

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