terça-feira, 13 de novembro de 2012

Noite de Vertigem

Vertiginosa é a noite em que estou sem o teu olhar. Teu sexo é seco como o ar e eu mergulho nele em busca dos meus prazeres. Se tu me queres, dizes para mim o que tu busca. Escuta da minha boca o que te dizem, não se deixe levar por zumbidos e gemidos que são, na verdade, um falso amor. Amor barato. Sexo pago em carrossel de ilusões. Eu te digo o que quiseres. Eu não escondo de ti os meus segredos, nem mesmo os piores. Deles tu conheces o seu âmago.

Amargor é o sabor da tua boca em noites como essa. Eu te possuo e tu és uma peça de artilharia francesa, uma metralhadora giratória que verte palavras pela boca. A lua nova saboreia teus sibilos, e o vento morno leva para longe os teus gemidos. Improviso movimentos circulares em busca do meu único prazer. Tu és nele o meu bem querer, mas em noites como essa eu te odeio. Não ponhas fora os meus sorrisos.

Que eu sou um homem triste em noites de intensa sedução e desafeita do teu toque e teu desejo. Eu me vejo em ti, espelhado, e te descarto. Eu estou casto, minha perna é curta para correr atrás da poeira louca dos sonhos infinitos, e foi por lá que eu te encontrei. Nada serei nesta noite em que estou em ti, triste, desiludido, controlado pelo impreciso verbo que me faz te naufragar. Eu quase não consigo me conter.

Vertiginosa é a noite em que estou sem teu olhar. Vertiginosa noite. Vertiginoso verbo. Vertigem louca de anseios. Eu sou um céu de estrelas madrugueiras nestas colinas que imitam os teus seios, pequenos cômoros de areia que cabem em meu maxilar. Eu mastigo os teus mamilos e penetro o teu sexo seco e quente que não demonstra me querer. Mesmo assim eu gozo em ti, dentro de ti. Só assim esta noite poderá terminar.

Eu vivo uma noite de vertigem. 

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