terça-feira, 17 de julho de 2012

Misteriosa é a noite da alma. Quem vê um sorriso não enxerga o desatino. O destino é um cavaleiro andante, e as horas são as estradas do tempo. Eu sou um caminheiro neste universo, andando entre trevos e trevas. Minhas esperanças residem em olhos que já não me fitam, e a noite dos meus sonhos é apenas um cometa incandescente que riscou o céu. Eu olho para dentro agora, e percebo o quão misteriosa é a noite da alma. Alí quem vê um sorriso não enxerga o desatino. Quem vislumbra os olhos não percebe os seus segredos. Quem julga não reconheçe o próprio umbigo. O seu escuro é negro como um céu de vinho. O seu chão uma nesga de metal queimado. O seu fio é um punhal de gelo iluminado.

Eu estou nela: insone; tresloucado; absurdamente enfeitiçado. A noite da alma é uma mandala azul que me sufoca, que se remoça em luz a cada nota musical que tu evocas. Eu olho para dentro, e só vejo os teus olhos. Tu me fitas de fora. Eu te olho de dentro. Nossos olhares são complementos, mas misteriosa é a noite da alma. O que faremos? O que queremos? Só a nós dois interessa essa resposta.

Misteriosa é a noite da alma. Quem vê um sorriso não enxerga o desatino. Quem nos julga não reconheçe o próprio umbigo.

Um comentário:

  1. 'As pessoas veêm o que querem ver,mas agem como não gostariam se fossem "elas" que estivessem em tal situação'. AFC

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