quinta-feira, 5 de julho de 2012

Eu odeio as palavras. Elas são tudo o que me resta e, no entanto, só me atrapalham. Eu não sei mais escrever, ou não sei mais coordená-las. Tudo o que eu escrevo se volta contra mim, como se eu estivesse num julgamento do inferno, onde a minha alma está condenada a queimar num caldeirão de frases soltas e sem sentido. Eu não quero mais escrever, falar de mim e do que sinto, do que quero ou do que desejo. Eu quero apenas silenciar e escutar a música dos verbos. Mas talvez eu seja acusado de não saber mais conjugá-los.



Eu não sei o que fazer. Se descrevo o verão a imagem que transpasso é o inverno. Se falo de flores é o outono que se apresenta. E se falo de minha alma, é o destino quem se confunde com os meus amores. Não. Eu não quero mais as palavras. Eu as renego. Eu as deixo para os poetas e sonhadores. Serei mais pragmático, menos sentimental, apenas mais um. Serei menos de mim e mais de uma razão ensimesmada. Eu odeio as palavras.

Pobre palavra: diz o que não lhe pertence...

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