segunda-feira, 20 de maio de 2013

Janelas

Uma janela é uma cancela. Abre-se nela o coração, o passado, a dimensão do horizonte. Na fonte da vida uma janela é sempre uma guarida, um ponto de reflexão. Quem um dia não se achou diante de uma janela ensolarada? Olhou por ela e viu-a trazer do que passou uma experiência? Teve visões de essência ou mesmo um deja-vu? Em algum lugar de sua alma há uma janela.

Uma janela é sempre uma quimera, uma espera de algo que ainda não chegou mas que está lá, germinado, como se o futuro fosse um rio contido e acorrentado. Uma janela é um novo retrato, uma nova geração de algodoeiros. É um viver de alma, de primavera, de sonhos pulsantes em floração. Uma janela guarda tudo o que a vida ainda nos reserva.


Dizem que o coração é uma janela, que o amor é a sua cancela e que o infinito é a sua dimensão. Não, não há razão de se viver a vida por detrás de uma janela, embora ela mostre bem mais que deveria. Numa janela há bem mais que a poesia, existe a alegria e a emoção, as cores de uma infância que se perdeu na ilusão dos dias, roda-ciranda das nossas noites de verão. O sonho é uma janela que nunca se fecha.

Sempre que a vida chegar - e ela vai chegar - como um tufão de vento na soalheira, arrancando cercas e pondo tudo em rotação, sempre vai existir em algum canto de sua alma uma janela. Para que a luz possa por ela penetrar, para que um novo caminho possa para ti se iluminar.  Porque a vida é simplesmente igual a uma janela: se fecha na noite tormentosa, fenece, rebrota, para se abrir numa nova manhã iluminada.

Veja: a minha alma se esconde por detrás de uma janela...

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