Os olhos do Tigre são olhos de Lince, maturados, guardadores
da espera. São olhos de cancela, espertos e escondidos, ligeiros. Eu descubro
nos olhos do tigre a minha redoma, sanga funda e corredeira, amor sutil e
iluminado. Considero o tigre um ser alado, mas desprovido de asas. Suas patas
são o fiel da minha balança.
Os olhos do tigre são os olhos da alma, transpassados e espessos, insurgentes. Cobertos de trevos e de
esmeraldas, são olhos que estudam a jornada, o golpe fatal, o firmamento. No
compasso do tempo os seus olhos me fitam, me marejam, me desejam. Eu compreendo
a razão do ser e do existir, eu entendo a razão do seu olhar.
Os olhos do tigre não sabem amar. Para eles o amor é um
instinto, assassínio da sobrevivência, transparência transcendental da natureza,
simples efeito evolutivo. Eu não brinco com os olhos do tigre, não descanso à
sua espreita, nem considero nada além da sua essência. A finitude do tempo é a minha crença.
Os olhos do tigre são os olhos do
destino.
(Alex Brondani, em 18/12/2015)