Está claro para mim o seu sentido, vestido de
rendas numa flor de alecrim. Alecrim? Diria apenas que é a necessidade da rima,
rimo do poeta, anestesia dos sentidos. Improviso os meus anseios, ressabios e
silêncios, todos eles para o meu sustento, mas, agora, eu tremo em minhas
próprias bases. Está claro para mim agora o seu sentido: um verbo de silêncios
imperfeitos.
Estamos, eu e tu, na reta final de um grande
prêmio, Grand- Prix no corrimão da vida, alimentando o tempo e o calculador das
horas, cronômetro regressivo de uma arrebentação. A minha aclimatação começa
agora, maturação constante de um tonel de vinho antigo, reservado do tempo.
Inconstante tem sido o meu tempo, assim como os teus dias. Tu e eu estamos
juntos.
Tenho receios, mas quem não os tem? Alguém além
de ti ou de mim sabe o que sentimos? O poema talvez, mas além dele mais
ninguém. Somos dois andantes que se fizeram três, rios confluentes que se
uniram num estuário de estrelas vespertinas, madrugueiros de aurora,
caminheiros. Nós somos a rima, a apoteose do poema.
Está claro para mim a força dos sentidos.