segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Redemoinhos

Redemoinho. A vida é um redemoinho helicoidal a transmudar remansos de silêncio e calmaria. Mesmo nas águas mais calmas e profundas se escondem redemoinhos gigantes, como buracos negros escondidos numa via láctea de águas. Toda a luz é translúcida quando encontra um redemoinho. Todo o universo é um caracol. O olho do redemoinho é um girassol. Toda a luz do universo é dele, tudo é sugado para dentro: o medo, a dor, o amor e os seus valimentos. Nada escapa de sua centrífuga giratória.


A memória do tempo é quem sobrevive, e nada mais. Quando a vida cai em um redemoinho nada e nem ninguém pode escapar . Entregue-se, é inútil resistir. No final do ciclo algo novo vai surgir da enlouquecida rotação. Um redemoinho é uma demolição: não sobra pedra sobre pedra. Depois de tudo são somente escombros de uma vida inteira que se transformou. E a vida é um redemoinho helicoidal a transmudar remansos de sonhos e de aclimatação. Não espere por remansos mais profundos, comece você mesmo a transformação. Não seja tragado pela força descomunal do redemoinho, fuja para a margem. Não se deixe enganar na calmaria. Por trás de um redemoinho há uma porfia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário