terça-feira, 22 de maio de 2012

Eu queria o amor de Neruda. Mais do que isso, eu queria a intensidade dos amores de Neruda. Eu poderia, como ele, escrever os versos mais tristes nesta noite. E poderia refazer todos os caminhos que há para se chegar a um beijo. Mas eu não tenho o amor. Eu tenho apenas a dor. A dor de ter tido o amor em minhas mãos e deixá-lo cair. A dor de não conseguir refazer, parte por parte, tudo o que de bom ele me trouxe. E de não conseguir serenar a minha alma enquanto piratas e fantasmas assaltam o meu coração. Eu sou um navegador em desatinos navegando por um mar repleto de corais e de recifes. O farol da poesia é a minha única rota de navegação.


Eu poderia escrever a minha canção desesperada se tivesse toda a sua agitação em minha alma. Mas eu não sou como ele, amada, embora tu assim tenhas me dito. Eu sou um poeta louco que traz na alma a incerteza dos ventos e o outono das primaveras. E minha vida é uma aquarela de romances que ficaram sempre pela metade. Mas eu já ví o amor. Já o sentí. Aquele que arrebata. Aquele que chega e que nos leva. Aquele que nos destrói e o que nos salva.

Sim. Eu hoje queria um pouco dos amores de Neruda. Eles seriam algo parecido com tudo o que eu já senti por ti.

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