domingo, 28 de abril de 2013

Desilusão

Desmantelo a minha imagem no espelho: essência no final do caminho, numa rota de conflitos e de convergências. Tudo até o fim foi ilusório como a luz verde da névoa da manhã de outono, coberta de gelo e de neblina. Eu estou novamente diante do dilema da existência, extasiado pela essência de um amor que me faz mal mas que já me fez bem. Que quero e que não quero ao mesmo tempo.

Escrevo com o tempo em meu coração. A ilusão das coisas naturais me observa e me contempla, e eu sou uma folha seca golpeada pelo vento. Estou ferido. Em meu peito eu sinto uma dor imensa e a incisão precisa de um diapasão. Contemplo a imensidão do horizonte azul num gesto de beber o céu. Lá estão as estações, o paraíso, um arco-íris de cores vivas e infinitas.

Desmantelo a minha imagem atrás do espelho: dúvida de qual caminho a percorrer. Natural seria correr como um riacho, deslizando calmo nos beiras da existência. Mas como o sê-lo? No interior da alma humana há uma quimera que só dói quando em amor. O amor e as suas mazelas. O amor e os seus inconjugados verbos. O amor e o seu maldito ensinamento. Eu contemplo a imensidão do horizonte azul e bebo o céu no meu olhar.


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