segunda-feira, 8 de abril de 2013

A Canção do Exilado

Cada passo na estrada é um balaço. Refaço cada pedaço do caminho em meus pedaços, descalço numa estrada de tempo e comoção. A razão comanda o tino do meu coração e eu vou tateando com os pés num chão de giz. Olho para as pegadas e lembro do que fiz e do que sei, e sei que apenas um futuro me reserva: um tempo de quebra, de novos vôos e desafios. Cada passo da estrada é um balaço. É assim que eu refaço o meu poema.

Se a alma não é pequena tudo nos vale a pena. Parafraseio os versos de um poema de Pessoa para buscar nele onde se espalhou o céu, e do mar e do abismo eu ressurjo como a luz do dia. Minha alegria é sempre compartida, minha alma agora uma partida, e os meus anseios sempre um rio corrente. Estou à frente do meu tempo e do meu corpo, absorto em novos e loucos pensamentos. O poema que escorre dos meus dedos é só mais um desafio.

Arreios são os meus sonhos, anseios do sopro que me vem da alma. A palma da mão esconde os meus segredos revelados, mas o barco que partiu de longe ainda não chegou até mim. Então eu vou ficar aqui e até o fim da festa, à espera de um verso iluminado. Debruçado na janela eu vejo um lago e um céu de estrelas vespertinas brindando o sol que despenca, e uma noite madrugueira que já se preludia em mim. É de um lugar assim que preciso, para que eu possa ficar em paz mesmo comigo.

A madrugada será agora a minha Canção do Exílio..

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