sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Quando a alma se transforma

O que vejo? Diante dos meus olhos um rosto que esconde a mulher que eu desejo, mas que já não é mais o mesmo. Mais fino, contornado, traços alterados de forma quase imperceptível, mas ainda assim de uma beleza singular. A Inocência que se escondia nele se perdeu n´alguma linha invisível, contorcida  por entre os cílios e o maxilar. Eu busco te encontrar na nova face que se reconstrói num molde de arame e de alumínio.

Dos lábios grandes ecoa agora uma voz de portuguesa. De onde viestes esta faceta lusitana? Onde foi parar o teu ar brejeiro e tão comum, a forma doce de tu dizer que me amava? Tu estavas tão feliz que não pode haver tristeza agora. Não deveria. A luz que irradia dos teus olhos está difusa, confusa está a tua alma, emaranhada por conflitos e infinitos, rodeada de sombras e singelezas, de dúvidas e incertezas. Eu não te quero assim.

Olhe agora para mim: tu tens escolha. Escolta o teu desejo apoiada em meu sorriso, que assim será mais fácil prosseguir. Pois eu te quero como sempre quis, e não deixarei de lado o teu olhar. Mesmo que diante dos meus olhos esteja o mar, ou mesmo o ar de uma mulher que eu não conheço, alguém que numa nau de alumbramentos mergulhou e que agora acordou diferente, de um sonho grande, diante do espelho e perdida em uma nova e cotidiana vida.

A natureza é sábia em sua guarida, dá formas diferentes a todas as coisas e a todos os seres que lhe habitam, e a cada um deles atribui a sua única beleza. Cada ser é único em sua construção e belo pelas diferenças que impostas lhe são, agreste e selvagem em traços imperfeitos e incomuns. O homem é único por sua imperfeição, belo em seus erros e acertos, por seus defeitos e por sua formatação. Este talvez seja o grande segredo da existência.

Tu és agora um universo em mutação.

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