quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Prelúdios de um amanhecer

A cor do alvorecer é sempre verde. Esperança que se derrama sobre o mundo por meus olhos, e deles a minha cor. A dor da sangria atrás dos cerros e o sol em fogo que é uma brasa que renasce. Tudo refloresce e se preludia, tudo se aninha numa canção de paz. A cor do alvorecer é sempre verde. Eu, no entanto, acordei ausente. Ausente de mim e do meu ser, divagando sobre os sonhos do meu sonho. Estou bisonho ou esta é mesmo a minha realidade? O amor que eu tenho é grande mas já não é o suficiente. Uma vertente de lágrimas se escavou em meu peito e eu já não consigo caminhar. Navegar é preciso, viver não é preciso me dirá um dos alter egos de Pessoa, mas eu lhe direi: Viver é mais que preciso.


Eu vivo de amores e de versos. Escrevo porque estou vivo e só estou vivo porque amo. Mas o amor tem as suas nuances e, por vezes, morre em plena vida. A infinita magia de viver é saber o momento de morrer, é compreender que depois do fim há sempre um recomeço, seja ele onde for. Tudo na vida tem o seu preço, o seu pecado, a sua desilusão. Não há entrega maior que a da paixão. Eu não sei navegar, minha nau não é uma nau portuguesa a deslizar pelos mares nunca dantes navegados de Pessoa. Eu sou, no máximo, um caíque pescador a deslizar nos remansos de um rio como o Uruguai ou o Ibicuí. Eu observo o sol me entregar mais esse dia: belo, misterioso, comovente. Eu choro por tudo o que nos tornamos, de repente.

A cor do alvorecer é sempre verde.






  

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